Uma das festas tradicionais da Cidade do Natal é a Trezena de Santo
Antônio. Essa festa, juntamente com as de São João e São Pedro, formam o trio
dos maiores festejos populares religiosos que acontecem no mês de junho.
A Igreja de Santo Antônio, em Natal-RN, está localizada na rua do mesmo
nome, no bairro da Cidade Alta, e foi construída na segunda metade do séc.
XVIII. Ela já foi conhecida como Igreja de Santo Antônio dos Militares, em
razão da Companhia de Polícia do Estado ter ocupado aquele prédio. No
entanto, a denominação mais conhecida, que prevalece até os dias de hoje, é o
de Igreja do Galo, devido à existência de um galo de metal em sua torre,
resultado da doação do capitão-mor Caetano da Silva Sanches.
O prédio primitivo do convento foi totalmente destruído. Após uma
campanha de reconstrução liderada pelo Arcebispo do Natal, Dom Marcolino
Dantas, um novo convento foi erguido e inaugurado em 1º de fevereiro de
1948.
Anualmente, no período de 31 de maio a 13 de junho, é realizada a
Trezena de Santo Antônio. Em frente à Igreja, fazendo esquina com a Rua
General Osório, fica o Paço Episcopal (a casa do Bispo) do Natal, como que
ratificando aquela festividade. Na época da minha juventude, o calçadão daquela Igreja ficava todo
iluminado. Ali eram armadas algumas barracas nas quais eram leiloadas várias
iguarias, particularmente comidas típicas (bolos, doces, cocadas, pamonhas,
canjicas e milho assado). Entre os devotos que para ali acorriam, havia muitos
jovens que buscavam apenas divertimentos, saboreando as guloseimas
leiloadas enquanto passeavam entre a multidão.
Eu fiz parte dessa leva de jovens, enquanto isso, Dona Alice, irmã do
poeta maior Jorge Fernandes, a tudo assistia da janela de sua casa, localizada
na esquina da Rua Senador Guerra, hoje denominado Rua Expedicionário
Rodoval Cabral, com a Rua Santo Antônio. A Trezena de Santo Antônio, como outras festas populares, está
perdendo o seu encantamento devido ao afastamento da população dos
lugares públicos por medo da violência. No entanto, essa festa,
reconhecidamente tradicional, guarda ainda hoje os seus mistérios, recebendo,
mesmo sem a intensidade dos tempos passados, um bom número de devotos,
que, além das razões religiosas que os incentivam, ainda confiam na fama de
Santo Antônio como um Santo casamenteiro. Que Deus abençoe os devotos
casadoiros.
Manoel Procópio de Moura Júnior
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